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Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050 - Descarbonização da Mobilidade – Ciclo de eventos temáticos // 26 de Fevereiro // Matosinhos

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O Secretário de Estado Adjunto e do Ambiente, José Gomes Mendes, presidiu ao primeiro ciclo temático integrado no Roteiro para a Neutralidade Carbónica (RNC2050), que se realizou segunda-feira, 26 de fevereiro, às 14h30, no Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, em Matosinhos.

Esta sessão, sob o lema “Descarbonização da Mobilidade”, debateu os desafios e oportunidades da descarbonização da mobilidade e o futuro dos transportes, que contribuem para 25% das emissões totais de CO2 nosso país, sendo, assim, um dos setores mais relevantes na descarbonização da economia, e no desenho da mobilidade do futuro.

O ciclo “Descarbonização da Mobilidade” contou com as intervenções de diversos especialistas em transportes, entre eles, Mark Major, da Partnership on Sustainable, Low Carbon Transport (SLoCaT), e José Manuel Viegas, ex-secretário Geral do Fórum Internacional dos Transportes, e de três mesas redondas, nas quais foram debatidos os temas dos Transportes Públicos, Mobilidade Partilhada e Ativa/Suave e Mobilidade Elétrica, em termos de desafios e soluções que estão a vir a ser adotadas.

Dado a estagnação (e retrocesso em alguns segmentos) nas políticas de transportes, nos últimos anos, mantêm-se válidos os desafios que se assinalavam desde 2008: a preferência pelo transporte individual privado e terrestre em detrimento da ferrovia e dos transportes públicos; as novas soluções de mobilidade suave, partilhada e eléctrica que se têm vindo lentamente a afirmar; os constrangimentos financeiros das empresas de transportes urbanos; os problemas de poluição que persistem ou se agravam (o preço do petróleo e a manutenção do diesel); a utilização dos instrumentos económicos, zonamento e restrições de estacionamento que ainda não são suficientes para contrariar o uso do transporte individual rodoviário. Principais mensagens:

  • Os transportes são um sector que responde à procura, o que está em causa não é a infraestrutura em si mesma mas o serviço que é prestado e a acessibilidade a esse serviço.
  • As cidades devem ser encaradas como ‘máquinas de acessibilidade’: a dimensão urbana é o principal espaço de atuação. Nesse sentido, o comportamento deve alterar-se para evitar a necessidade das deslocações – modos de transporte mais amigáveis ambientalmente – a tecnologia como elemento chave nessa alteração de comportamento.
  • O principal desafio não é a descarbonização da mobilidade. A questão fundamental é garantir a mobilidade sustentável para todos: acesso universal, segurança, eficiência, descongestionamento, qualidade do ar e do ruído.
  • Os transportes são um factor muito sensível e muito próximo às pessoas causando forte reação social em caso de perda de qualidade, de opções, de preço.
  • A necessidade de estratégias integradas onde se privilegia: o acesso local, os serviços porta a porta, alterações do comportamento e o acesso digital.
  • As dificuldades do processo de inovação (a ponte entre a investigação e a aplicação no mercado): a escala (em termos de recursos humanos, financiamento e de tecnologia); o dilema do ‘ovo e da galinha’; a complexidade do sistema de oferta de transportes; os riscos colaterais; a resistência dos incumbentes; o novo estilo de regulamentação; a monitorização do processo para manter a coerência.
  • O desenvolvimento de indicadores chave de desempenho e de impacto e a facilitação de regimes de experimentação (zonas livres tecnológicas, por exemplo, para testes de carros autónomos) são instrumentos a adotar e disseminar.
  • Os transportes públicos deverão ser o modo de transporte preferencial. Para tal, implica o desenho de soluções ajustadas às necessidades locais; uma oferta em quantidade e qualidade suficiente atractiva para mudar a cultura e o comportamento individual.

Sobre o Roteiro para a Neutralidade Carbónica (RNC2050): O RNC2050 (www.descarbonizar2050.pt) visa concretizar o objetivo assumido pelo Governo Português de atingir a neutralidade carbónica até 2050, que se encontra entre os mais ambiciosos do mundo e está em linha com os objetivos do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC) e com o Acordo de Paris.

O presidente da APA referiu a importância do Movimento Circula e o inquérito à mobilidade que vão lançar juntamente com o Observatório da Mobilidade, os Green Project Awards e o INE. https://www.publico.pt/2017/12/15/local/noticia/um-barometro-e-um-manifesto-por-uma-circulacao-mais-sustentavel-1796027